quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Arte e Literatura


Ao chegar na Praça Tiradentes o visitante já começa a entrar em contato com a história da cidade e do país. O grande monumento erigido em homenagem a Tiradentes que, por seus ideais de liberdade, foi condenado e morto no Rio de Janeiro, esquartejado e sua cabeça exposta em Vila Rica, encontra-se nesta praça e é visitado e fotografado por milhares de turistas durante todo o ano.

A talha, a imaginária e a escultura em pedra são os elementos fundamentais da escultura barroca, responsáveis pela configuração plástica e dimensão monumental dos templos religiosos de Minas Gerais. A escultura em pedra ganha importância decisiva em meados do século XVIII, quando Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, introduz a pedra-sabão em relevos decorativos e na estatuária.
A talha é o elemento típico da ornamentação interna nas capelas e igrejas barrocas. Cescultórico dos retábulos (estrutura ornamental que reveste a parte posterior do onsiste no trabalho altar-mor e laterais), feito geralmente em madeira. Os retábulos mineiros apresentam três estilos altares artísticos distintos, que expressam a evolução do barroco na Europa, notadamente em Portugal: o nacional português, o joanino (ou Dom João V) e o rococó.
A imaginária complementa a decoração interior dos templos. Cada altar possui seu santo padroeiro colocado em posição central e outras imagens que compõem o espaço de devoção religiosa. Além da imaginária tradicional, existem ainda os curiosos santos de roca e de pau oco. Os primeiros possuem apenas cabeça, mãos e pés esculpidos, presos a uma estrutura de madeira coberta pelo traje do santo. Os santos de pau oco são imagens ocas de porte médio, em madeira, usados no contrabando de ouro.
A escultura em pedra confere aos templos religiosos elaborado partido arquitetônico e escultórico. Cimalhas, vergas, ombreiras, portadas e outros elementos ornamentais substituem a rusticidade das construções em taipa e adobe pela beleza e solidez da pedra de cantaria.



A ornamentação interna dos templos religiosos de Vila Rica reúne exemplares significativos da pintura colonial brasileira. A pintura em tela também foi expressiva, embora tenha sido feita em número muito menor do que na decoração pictórica dos forros das igrejas barrocas.


Instituída por Carta Régia de 19 de março de 1720, em Vila Rica, atual Ouro Preto-MG. Sua letra monetária era "M". Foi instalada no morro de Santa Quitéria, numa casa modesta "de pau a pique", começando a cunhar em 1/2/1725. Funcionou poucos anos, pois a Carta Régia de 18 de julho de 1734 ordenou que ela encerrasse as atividades, o que ocorreu no ano seguinte. O prédio que ocupava sofreu várias remodelações, sendo aproveitado depois como Palácio dos Governadores. Hoje, aloja a Escola de Minas de Ouro Preto.

Em muitos momentos este distrito deixou de ser coadjuvante para se tornar protagonista na história de Minas. Nele morava o governador de Minas; estava o quartel onde trabalhava Tiradentes. A matriz de N. Sra. de Nazaré é considerada por muitos o mais notável exemplar da primeira fase do barroco. Seu interior é uma profusão de estilos indescritível. Cachoeira não pode passar despercebida numa viagem a Ouro Preto.

Do alto da colina, os Profetas de Aleijadinho derramam bençãos à cidade, mas há quem diga que eles conspiram. Na Basílica, uma obra genial, criada pelas mãos de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Aqui, o gênio do barroco brasileiro despediu-se da arte e da própia vida, pois conclui a obra apenas 9 anos antes de sua morte. O conjunto integra os doze profetas; as Capelas dos Pssos, com as imagens da Via-sacra; e a Basílica do Bom Jesus de Matosinhos. Sobre os Profetas, pesquisadores de História da Arte da PUC de Campinas suscitam a tese de que Aleijadinho quis figurar em cada Profeta um participante da Inconfidência Mineira, fundada nas diferenças nas indumentárias, nos gestos e sinais das esculturas. Há, também, outra curiosidade com referência à escolha dos profetas: Aleijadinho não teria representado um dos doze profetas menores, um dos mais importantes, Zacarias, mas teria representado junto a outros profetas menores, cinco profetas maiores, mesclando Novo e Velho Testamento.. Eis os Profetas de Aleijadinho: Daniel, Oséias, Isaias, Jeremias, Baruc, Ezequiel, Jonas, Joel, Amós, Nahum, Abdias e Habacuc. (Congonhas)


O Museu da Inconfidência (foto) é o paraíso dos pesquisadores, com o grande acervo do Arquivo Colonial, mais de 40 mil documentos e a uma Biblioteca com mais de 19 mil volumes. Tem também o Laboratório de Conservação e Restauração, com ateliês de pintura, escultura, madeira e papel. Além de Exposições e, claro, as divinas esculturas de Aleijadinho. Para construí-lo, o governador Cunha Meneses, "o fanfarrão Minésio", teria mandado prender pessoas pobres "por vadiagem" e escravos fugidos, obrigando esses ao trabalho escravo. O prédio é uma obra-prima da arquitetura colonial. De terça a domingo, das 12h às 18h. No Centro Histórico. (Ouro Preto)



De nada adianta todo o ouro do mundo se não é possível ostentá-lo. Não foi diferente na Vila Rica. A fé foi uma das válvulas de escape para o poder acumulado por setores da emergente sociedade mineira do séc. XVIII. Poderosas e seculares ordens religiosas retratavam a segmentação da população. A ordem dos poderosos, dos negros, dos pardos... Cada qual tinha por finalidade construir a mais bela igreja, demonstrar sua força e influência. Deu-se início a um tipo de competição não declarada, cujo combustível era o metal amarelo, que se esparramou por altares, imagens e demais instrumentos litúrgicos. Minas vivia uma espécie de Renascimento, onde figuravam mecenas, desabrochavam as artes e nasciam gênios.

(Ouro Preto)

► MÚSICA
Já nas primeiras décadas de 1700, a sociedade mineira se expressa de modo significativo por meio da música religiosa e profana. Os rituais litúrgicos e as festas populares eram valorizados pela música, que aos poucos tomou forma e ganhou proporções originais, revelando uma classe singular de músicos, em sua maioria mulatos. Conheça os compositores e escute trechos da melhor música colonial em Minas Gerias.

A música dos mulatos
A dedicação à música e a participação em irmandades religiosas possibilitou ascensão social aos mulatos, já que atividades profissionais como a medicina, o direito e a carreira eclesiástica lhes eram negadas.
Mesmo diante da rigorosa discriminação racial, os músicos circulavam livremente, apresentando-se em templos cujas irmandades só admitiam brancos. Filiavam-se, porém, às irmandades dos homens pardos.
O número de músicos mulatos no final do século XVIII era enorme e gerou um comentário contundente do desembargador Teixeira Coelho numa de suas visitas a Vila Rica: 'Aqueles mulatos que se empregam no ofício de músicos são tantos na Capitania de Minas, que certamente excedem o número dos que há em todo o Reino'.


Música Profana
Embora a música de câmara fosse conhecida em Minas, os compositores se dedicavam sobretudo à música sacra. As peças profanas, como modinhas e lundus, da segunda metade do século XIX, são em geral de autores anônimos. A atividade cênico-musical em fins do século XVIII contou com compositores locais que fizeram músicas para comédias e óperas encenadas na Casa da Ópera de Vila Rica.



Bandas Mineiras
Durante o século XIX, a música mineira passa também a se expressar por meio das inúmeras bandas formadas nas cidades e povoados. Nesse momento, as cordas (violinos, violas e violoncelos) são abandonadas progressivamente e os instrumentos de sopro (flautas, fagotes e trompas) substituídos por clarinetes, trompetes, trombones e tubas. A música adquire maior mobilidade, sendo agora executada nas praças públicas, coretos e adros de igrejas. Os gêneros mais populares, como quadrilhas, dobrados e polcas, experimentam sua fase áurea.
A sobrevivência das bandas em antigas cidades mineiras é sem dúvida a herança mais próxima da atividade musical desenvolvida no século XVIII em Minas Gerais, sobretudo em Vila Rica. As corporações musicais do Senhor Bom Jesus de Matozinhos e do Senhor Bom Jesus das Flores, de Ouro Preto, são exemplos vivos dessa tradição.

► LITERATURA

Em meados do século XVIII, escritores mineiros vivem a transição entre o barroco e o arcadismo, influenciados pelo espírito neoclássico e pelas idéias iluministas, centradas na razão, na fidelidade ao real e no princípio do progresso.
Com Cláudio Manoel da Costa, iniciam-se as atividades literárias em Vila Rica, que culminarão numa 'escola mineira', da qual fazem parte os poetas Tomás Antônio Gonzaga e Inácio José de Alvarenga Peixoto.
Abaixo, selecionamos alguns links com textos sobre estes poetas e suas obras:


Cláudio Manoel da Costa

Tomás Antônio Gonzaga

Inácio José de Alvarenga Peixoto

Entre o Novo e o Velho Mundo - a poesia de Cláudio Manoel da Costa

► ALEIJADINHO


Escultor e entalhador mineiro da arte barroca, considerado o maior escultor do período barroco.


Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa) nasceu em Vila Rica no ano de 1730 (não há registros oficiais sobre esta data). Era filho de uma escrava com um mestre-de-obras português. Iniciou sua vida artística ainda na infância, observando o trabalho de seu pai que também era entalhador.


Por volta de 40 anos de idade, começa a desenvolver uma doença degenerativa nas articulações. Não se sabe exatamente qual foi a doença, mas provavelmente pode ter sido hanseníase ou alguma doença reumática. Aos poucos, foi perdendo os movimentos dos pés e mãos. Pedia a um ajudante para amarrar as ferramentas em seus punhos para poder esculpir e entalhar. Demonstra um esforço fora do comum para continuar com sua arte. Mesmo com todas as limitações, continua trabalhando na construção de igrejas e altares nas cidades de Minas Gerais.
Na fase anterior a doença, suas obras são marcadas pelo equilíbrio, harmonia e serenidade. São desta época a Igreja São Francisco de Assis, Igreja Nossa Senhora das Mercês e Perdões (as duas na cidade de Ouro Preto).


Já com a doença, Aleijadinho começa a dar um tom mais expressionista às suas obras de arte. É deste período o conjunto de esculturas Os Passos da Paixão e Os Doze Profetas, da Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, na cidade de Congonhas do Campo. O trabalho artístico formado por 66 imagens religiosas esculpidas em madeira e 12 feitas de pedra-sabão, é considerado um dos mais importantes e representativos do barroco brasileiro.

A obra de Aleijadinho mistura diversos estilos do barroco. Em suas esculturas estão presentes características do rococó e dos estilos clássico e gótico. Utilizou como material de suas obras de arte, principalmente a pedra-sabão, matéria-prima brasileira. A madeira também foi utilizada pelo artista.

Morreu pobre, doente e abandonado na cidade de Ouro Preto no ano de 1814 (ano provável). O conjunto de sua obra foi reconhecido como importante muitos anos depois. Atualmente, Aleijadinho é considerado o mais importante artista plástico do barroco mineiro.







(tópico por: JÉSSICA BELÉM, AMANDA COUTO E ANA CAROLINA LIMA)

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